O Brasil é o país do futebol. Por enquanto, o país do futebol masculino. Mas no que depender delas, em breve essa situação irá mudar. Em verdade, já começou a mudar. A despeito da campanha modesta do Brasil na Copa do Mundo deste ano, disputada na França (a equipe foi eliminada nas oitavas de final pela seleção anfitriã), a repercussão alcançada pelo evento no país foi enorme, atraindo uma atenção inédita da imprensa e da torcida.

De acordo com Rosângela Bortolaz, técnica da equipe do Imperial (por enquanto o único time de Curitiba inscrito para a disputa do Campeonato Paranaense Feminino), a vitrine da Copa já traz bons reflexos ao esporte na Capital.

“A Copa do Mundo bombou aqui em Curitiba, bombou no Brasil inteiro, e já houve uma grande mudança: melhorou bastante a procura de meninas que procuram a gente para jogar, inclusive a procura por parte de meninas mais novas. A partir dos oito anos já estão procurando equipes para treinar”, conta, explicando que agora começam a aparecer jovens cujo sonho é jusmtante serem jogadoras de futebol.

Outra mudança é que até pouco tempo eram poucas as famílias que apoiavam as jovens atletas. Hoje, porém, Rosângela conta que as jogadoras que iam sozinhnas ao treinamento já costumam contar com o acompanhamento do pai ou da mãe. “Elas estão contando com o incentivo dos familiares e a família é um start muito importante. Não basta o treinador e elas quererem, é preciso esse apoio dos pais”, aponta.

Se o interesse das mulheres tem aumentado e também a aceitação social da prática esportiva, por outro lado velhos problemas persistem. O maior deles é a falta de apoio financeiro ao esporte. O Imperial, por exemplo, é ainda uma equipe amadora,que depende da contribuição das próprias atletas e de seus pais.

“Estamos atrás dos patrocinadores,alguém para incentivar, ajudar. É uma necessidade gigante. Somos uma equipe amadora que incentiva as meninas a jogar futebol, damos oportunidade”, afirma Rosângela.

“Nossa maior dificuldade é o financeiro.Quero dispuitar uma competição, preciso de deslocamento, alimentação. E de onde vou tirar? Pai ou mãe ajudam ou patrocínio, mas ainda temos dificuldade para conseguir apoio. Um ponto muito importante é as meninas também se conscientizarem de que o futebol feminino só vai evoluir se todas elas se mobilizarem, fizerem um esforço para treinar. O futebol só vai se mover se elas estiverem em campo, cada uma fazendo sua parte.”

Celeiro de craques, Imperial quer alçar voos mais altos

Como citado por Rosângela, o Imperial é uma equipe amadora, cujo intuito principal é dar espaço, uma oportunidade para as jovens atletas de Curitiba e região mostrarem seu futebol.

E o trabalho do clube tem dado bons futos. Hoje, são duas atletas reveladas pelo Imperial jogando no Corinthians, outra atleta no Atlético-MG, na Chapecoense e sete no Foz Cataratas Athletico, time mais estruturado do estado. Além disso, recentemente outra atlheta, chamada Mayara, chegou à Seleção Brasileira sub-17 e agora assinou contrato com o Internacional.

As meninas que quiseremtambém treinar podem entrar em contato pelo clube via Instagram (imperialfc_feminino) ou mesmo falar diretamente com a técnica Rosângela, pelo celular – (41) 98880-0014. “Faço todas as indicações de como fazerparte da equipe, começar a treinar. Também aceitamos todo tipo de ajuda e queremos a parceria de um clube maior. Ano que vemos pretendemos disputar oi estadual de novo e também as competições de base, sub-14 e sub-16. Buscamos parceria para fazer viagens e tudo o mais. Está bem difícil.”

Há 40 anos, prática do esporte ainda era proibida para elas

Até pouco tempo, a prática do futebol feminino era proibida em Curitiba. É que em 1941 o governo Getúlio Vargas publicou o Decreto-Lei 3199, o qual vedava às mulheres, no artigo 54, a “prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. A decisão só seria revogada em 1979, arrefecendo o avanço da modalidade entre as mulheres.

Um dos reflexos disso, por exemplo, é a falta de registros sobre quando teria tido início o futebol feminino no Paraná. Em jornais da cidade, há menções a disputas no início dos anos 1980, na Vila Inah e nos bairros Santa Quitéria e Boa Vista. O primeiro Campeonato Paranaense Feminino, contudo, só foi disputado em 1998, mais de 80 anos depois da primeira partida do mesmo certame na categoria masculina. Além disso, em alguns anos (2009, 2015 e 2016) a competição foi cancelada, por falta de inscrições (o mínimo é três equipes).

Neste ano, a competição está marcada para acontecer a partir do dia 7 de setembro. Até o momento, cinco equipes já confirmaram inscrição, uma delas de Curitiba, e há a expectativa para que mais times da Capital apareçam e confirmem participação nos próximos dias. O arbitral da competição está marcado para acontecer no próximo dia 17.

Fonte: Bem Paraná