Não foi nada simples como muitos imaginavam diante da pouca tradição do adversário. Teve de ser na base da raça, do sufoco, das defesas de Jefferson e da cabeça de Ferreyra, autor do único do gol do jogo, que o Botafogo superou o Independiente del Valle por 1 a 0 na noite desta terça-feira, no Maracanã, e manteve a liderança isolada do Grupo 2 da Taça Libertadores. Para os 26.837 presentes (23.347 pagantes e renda de R$ 1.248.880), foram 90 minutos de um misto de tensão e euforia. No fim, o alívio tomou conta da arquibancada após a batalha.

O Alvinegro chega à terceira vitória em três partidas no Rio de Janeiro na competição (uma delas na fase preliminar) e se isola na frente de sua chave, com sete pontos. Para ser alcançado ainda nesta rodada, é necessário que o San Lorenzo derrote o Unión Española por pelo menos três gols de diferença na quinta-feira. Já os equatorianos, por ora, seguem em segundo, com quatro pontos. No dia 2 de abril, o Glorioso pega o Unión Española, no Maracanã, enquanto Independiente e San Lorenzo medem forças ainda este mês, no dia 27.

Para comprovar as dificuldades, o goleiro alvinegro foi escolhido o melhor em campo pela organização da Libertadores. Ele comemorou o bom trabalho e enalteceu o esforço coletivo.

- Pude contribuir em campo. Parabéns para o time. Foi difícil. Libertadores é isso. Vamos ter um tempo para trabalhar e corrigir os erros. Sabemos que a equipe deles é boa e fizemos um ótimo primeiro tempo. Depois, um segundo irregular. Fico feliz pelo jogo de hoje. Fiz boas defesas e o caminho é este - afirmou o camisa 1.

Gol cedo ilude, e jogo é equilibrado

Disposto a apagar a má impressão deixada nos dois jogos seguidos fora de casa, nos quais não conseguiu vencer e foi apático, o Botafogo partiu para dentro dos equatorianos com muita intensidade. Na batida da torcida, que não parou de cantar, logo encontrou seu gol, através da cabeçada de Ferreyra. O argentino aproveitou cruzamento de Lucas, aos dois minutos. No entanto, o rival não se assustou com a pressão e mostrou que seu setor ofensivo é bem melhor do que o atrapalhado sistema defensivo, incomodando o Alvinegro com tabelas rápidas entre Sornoza, Guerrero e Gonzalez.

Jefferson teve que defender com os pés um chute forte cruzado do último e viu a bola passar perto em tentativa de Lamas que congelou o Maracanã perto do fim do primeiro tempo. No restante do tempo, as duas equipes tentaram imprimir velocidade, em um ritmo realmente frenético, mas erraram passes em demasia. O próprio líder do grupo criou poucas chances - a mais perigosa delas uma pancada de Jorge Wagner no travessão, aos 43.

Pressão equatoriana até o fim

Na volta do intervalo, a limitação do Independiente del Valle deu lugar a um time ainda mais aguerrido e que chegou a colocar o Botafogo em dificuldades várias vezes. Aos 14, Guerrero aproveitou-se de bola espirrada e bateu rente ao poste esquerdo. Mais tarde, Jefferson faria defesa de pura agilidade ao evitar que um arremate que desviou em Dória o traísse. Preocupado, o técnico Eduardo Hungaro trocou Wallyson - em noite apagada - por Cidinho. Na prática, o panorama não se alterou. A partida permaneceu imprevisível, com oportunidades desperdiçadas de um lado a outro.

 

Com jogadores esgotados, mais mudanças aconteceram sem qualquer sacada tática. Porém, o Glorioso, mesmo recuado e incapaz de reter a posse de bola nos dez minutos finais, ganhou tempo precioso e evitou o empate mostrando raça em meio à rispidez dos equatorianos, que buscavam a qualquer custo um último suspiro. Como fizera no primeiro tempo, Jorge Wagner voltou a carimbar o travessão, já no finzinho. Com o apito derradeiro, algumas vaias foram abafadas pelos gritos empolgados da maioria dos alvinegros.