Segundo o Ministro da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, que comentou na manhã da última quarta-feira (28) os acontecimentos envolvendo Frei Clésio Wiggers em casa noturna de Pato Branco, ainda no final do mês de abril, o religioso está em São Paulo para tratamento e reflexão.

Conforme Frei Fidêncio, os procedimentos tomados foram de acordo com as orientações da Igreja e também levando em conta as regras da Ordem Franciscana, a qual Clésio pertence. Para tal decisão, segundo o superior da Ordem, ele e o Bispo da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão, Dom José Antônio Peruzzo estiveram reunidos ainda na primeira quinzena de maio.

“Desse encontro tomamos uma postura conjunta [Província e Diocese]”, afirmou Frei Fidêncio, destacando que “a decisão tomada naquela data já se concretizou e está em andamento”.

Afirmando ter sido o primeiro a ficar sabendo do ato de Frei Clésio, Frei Fidêncio disse que algumas considerações foram feitas sobre os fatos e suas consequências. “Soube desde o primeiro momento o que aconteceu, mas também não vamos com foice e machado resolver as coisas”, disse. Ele afirmou ser necessário ter cautela por se tratar de uma situação delicada, que requer uma atitude justa e prudente.

O religioso enfatizou os ensinamentos do criador da ordem. “São Francisco nos ensina que nós, sacerdotes ou religiosos, devemos levar sempre em consideração a nossa dignidade e também a nossa seriedade”, disse. “Quanto Igreja e Província, não queremos simplesmente colocar panos quentes e dizer que não foi nada. Não foi essa a nossa postura desde o primeiro momento”.

Conduta
Afirmando ser de grande relevância a afirmação feita pelo Pároco da Matriz São Pedro, Frei Olivo Marafon, em entrevista concedida ao Diário do Sudoeste, quando disse que “se existe doente na casa, precisamos cuidar dos doentes e das doenças”, Frei Fidêncio disse que a conduta tomada se baseou nos próprios ensinamentos dos sacramentos da igreja. “Nós, como igreja, pregamos o sacramento da confissão. E no sacramento da confissão o caminho penitencial é acima de tudo o caminho da misericórdia. Isso significa oferecer misericórdia a quem precisa dela, de quem a procura”.

Segundo o provincial, em nome da Província foi pedido a Frei Clésio que se distanciasse da comunidade de Pato Branco. “Isso não implica necessariamente em uma transferência, mas ele está afastado da comunidade para que possamos dar a ele um lugar a que chamamos de caminho penitencial”.

Conforme Frei Fidêncio, ele e Dom José compreenderam a necessidade de um reencontro com sua vida religiosa por parte de Frei Clésio, que, segundo o provincial, necessita de ajuda nesse momento. “Frei Clésio está em São Paulo sendo acompanhado pela Província em várias questões, cuidando da saúde física, da saúde moral e da saúde espiritual”, afirmou. Ele também mencionou que o religioso já iniciou acompanhamento médico e psicoespiritual para posteriormente voltar a exercer o ministério de atendimento comunitário e até mesmo outras funções em virtude do caminho por ele percorrido.

Voltando a mencionar os ensinamentos da igreja em relação à confissão, Frei Fidêncio disse que este é um momento de exame de consciência para Frei Clésio.  “Eu, pessoalmente, dei a ele uma boa reflexão, que o permitiu fazer um exame de consciência de toda sua vida e caminhada”. Ele comentou ainda o comportamento do religioso. “Ele chorou muito na minha frente e, de fato, a ‘ficha caiu”. É um homem que está totalmente quebrado. Agora precisamos, de uma forma muito artesanal, reconstituir esse homem, esse religioso”.

Falha
Assegurando que “nada justifica a presença dele na casa noturna”, Frei Fidêncio foi incisivo ao afirmar que “não é a Província, não são os frades, que sustentam os bordéis. O que está havendo é que tem pessoas que querem jogar todos os pecados de Pato Branco em cima da conduta de um padre, o que não é verdade”.

O provincial voltou a afirmar que em nenhum momento o objetivo foi de esconder o erro perante à sociedade. “Não concordamos com o erro. Ao que parece, era uma conduta leviana que vinha se perpetuando”, disse.

À comunidade de Pato Branco, Frei Fidêncio afirmou que “como nesse caso a situação se tornou pública, a penitência também é pública”. Ele acredita que esse “reencantamento vocacional de Frei Clésio para atendimento da comunidade de Pato Branco, bem como de todos os freis da Ordem” será legitimado. (Fonte: Diário do Sudoeste)