O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou ter sido “surpreendido” com a autorização do aumento médio de 35,05% nas contas de luz dos clientes da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Através de sua conta no Twitter, Richa informou nesta terça-feira (24) que irá pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a suspensão da aplicação para que se possa chegar a outra solução. Em tese, o aumento poderia valer já a partir desta terça.

A revisão do valor cobrado partiu da própria Copel, que tem como acionista majoritário o governo paranaense. A companhia solicitou à Aneel aumento de 32,45% no mês de maio, contudo, o percentual autorizado acabou sendo maior.

Segundo a Copel, o governo poderia optar por conceder um reajuste menor do que o autorizado, porém, isso significaria renunciar às receitas que já foram autorizadas pela agência reguladora. Em 2013, por exemplo, o reajuste médio autorizado pela Aneel foi de 14%, e a Copel reajustou a tarifa em apenas 9%. Na ocasião, foi feito um acordo entre o governo e a Aneel para que a diferença de 5% não fosse perdida, mas que constasse no reajuste de 2014. Ou seja, os valores estão embutidos na proposta deste ano.

O governo informou que deve ser feita uma reunião entre o governo e a diretoria da Copel para discutir o que será feito. A assessoria do governador, porém, afirmou que ainda não há data prevista para o encontro. Entre os planos, está um efeito suspensivo sobre a autorização do reajuste.

Aumento
O reajuste das tarifas da Copel é um dos maiores aprovados pela agência entre as distribuidoras que já passaram pelo processo em 2014. No caso da Copel, o aumento é consequência da alta no preço da energia nos últimos meses.

Além da Copel, que atende a 4,2 milhões de unidades no Paraná, a Aneel também aprovou reajuste médio de 40,42% para os cerca de 40 mil clientes da Cocel, distribuidora que atende à cidade de Campo Largo, na Região de Curitiba. Na CFLO, que atende 54 mil unidades no município de Guarapuava, o reajuste médio foi de 42,73%.

A Copel informou que o consumidor residencial médio da empresa gasta em torno de 150 KW/hora por mês – o que resulta em uma conta de luz de R$ 64. Com o aumento, de 33,49% para as residências de baixa tensão, a conta pode subir para R$ 84 – um aumento de R$ 0,66 por dia.

Pedido de suspensão
Por meio de nota, a Copel informou por volta das 18h que, em reunião na tarde desta terça-feira, o Conselho de Administração da Copel aprovou o envio à Aneel de um pedido de suspensão do reajuste tarifário definido poucas horas antes pela agência reguladora. De acordo com a Copel, o valor médio do reajuste ficou em 35,05%, decorrente principalmente do repasse às distribuidoras dos custos do parque térmico acionado pelo Governo Federal em 2013.

Se aprovado pela Aneel, o efeito suspensivo permitirá à Copel estudar uma proposta de parcelamento do reajuste, chamado “diferimento”, para evitar o impacto do repasse integral sobre os consumidores e setores produtivos da área de concessão.

Protesto
Dezenas de pessoas participaram de um protesto em frente à Copel na manhã desta terça-feira, contra o reajuste na tarifa de luz. Também participaram membros do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). A manifestação chegou a bloquear duas faixas da Rua Coronel Dulcídio, deixando o trânsito lento no local.