Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam o Sudoeste como a maior região produtora de leite do Paraná, com mais de 1,095 bilhão de litros produzidos em 2013. Os índices são da pesquisa de Produção da Pecuária Municipal (PPM) e os comparativos são do Departamento Técnico Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep), e mostram ainda que a produção paranaense cresceu 10% em 2013, no comparativo com 2012, enquanto a produção nacional avançou 6%.

O Brasil produziu 34,2 bilhões de litros de leite em 2013. O crescimento de 10% no período manteve o Paraná na 3ª colocação nacional, com produção de 4,3 bilhões de litros, muito próximo do Rio Grande do Sul, 2º colocado com produção de 4,5 bilhões de litros.

Entre as regiões brasileiras, diminuiu ainda mais a diferença de produção entre a região Sudeste e a Sul. Tradicionalmente a Sudeste é a maior produtora de leite, com 12 bilhões de litros produzidos em 2013. Essa hegemonia está prestes a ser perdida em função do crescimento acentuado da região Sul que produziu 11,7 bilhões de litros em 2013.

 

Sudoeste em 1º lugar

Entre as regiões paranaenses, dois grandes destaques: o crescimento de 63,8% da produção da região Sudeste e de 19,8% da região Sudoeste. Pelos dados do IBGE, o aumento de produção na Sudeste, que representa 3,2% da produção paranaense, se deu por acréscimos expressivos de produtividade (40%) e do número de vacas ordenhadas (17%). Porém, em volume de leite produzido o crescimento da região Sudoeste é mais impactante, a ponto desta assumir a 1ª colocação no ranking paranaense, posição anteriormente ocupada pela região Oeste. Em 2013, a região Sudoeste assumiu peso de 25,2% na produção paranaense e a Oeste ficou com 23,9% de representatividade.

Na avaliação do engenheiro agrônomo Ricardo Kraspreski, do Deral-Seab, de Francisco Beltrão, a produção leiteira tem sido cada vez mais presente, principalmente nas pequenas propriedades da agricultura familiar. "É uma renda mensal. Enquanto a produção de grãos gera uma ou duas safras por ano, o leite é uma renda garantida todo mês. Além disso, a demanda pela proteína do leite tem sido crescente e na região temos grandes compradores do produto, isso gera um grande fomento, incentivo público e privado à produção", comenta.

O agrônomo ainda elenca fatores como o melhoramento genético e a tecnificação das propriedades. "Programas de crédito, incentivo dos municípios e do Estado e apoio ao pequeno produtor têm contribuído muito para este avanço na produção. Os produtores estão se especializando, profissionalizando a produção, mas ainda é preciso ações para melhorar a qualidade do leite. Vários passos dados já contribuíram muito para isso, como os programas de inseminação artificial oferecido em todos os municípios da região, que proporcionaram uma melhoria significativa no padrão genético do rebanho", destaca Ricardo.

Chopinzinho: 1º da região e 23º do Brasil

Entre os municípios brasileiros com o maior volume de leite produzido, Castro (PR) aparece em primeiro lugar, com 230 milhões de litros produzidos em 2013, de acordo com o IBGE. No Sudoeste, o destaque foi Chopinzinho, maior produtor sudoestino e o 23º município em volume de produção no ranking nacional, com 84 milhões de litros.

O zootecnista Simão Flores, da Emater de Beltrão, destaca que a região Sudoeste, assim como o Oeste de Santa Catarina e o Noroeste do Rio Grande do Sul, possui o fator climático favorável para a produção de leite equilibrada o ano todo. Ele ainda aponta fatores como uma grande adesão de produtores à atividade, principalmente jovens, e o volume de compradores do produto.

"Atualmente, são pelo menos 64 empresas que compram leite no Sudoeste, desde as de fundo de quintal até grandes laticínios. E no Paraná, 60% do leite produzido não fica no Estado, vai pra outras regiões ou é exportado. A qualidade tem evoluído, mas ainda é preciso ajustar várias coisas e se pensar em políticas de exportação e incentivo à qualidade", argumenta Simão.

 

Simão fala também sobre a evolução tecnológica e a qualidade genética dos animais. "A genética é de alto nível, o trabalho realizado nos últimos anos tem dado excelentes resultados. A tecnologia também está cada vez mais presente no campo. A melhoria ou aumento da produção está atrelado à genética, aperfeiçoamento da nutrição, clima favorável e manejo adequado. Tem muito a melhorar e ainda há muito espaço para crescer", destaca.