É domingo cedinho, o sol mal desponta e as equipes de socorro partem em disparada rumo à rodovia. Mais um acidente grave de trânsito. Jovens voltando de uma festa, alcoolizados, saem da pista e batem de frente contra uma árvore. Um deles fica prensado nas ferragens com ferimentos graves.

No carro, o litro de whisky e as latas de energético denunciam o comportamento irresponsável. Três pessoas apertadas na cabine de uma picape - com capacidade para duas - ouvindo música, bebendo, em estado de euforia. Tudo desenhado para terminar em tragédia. O êxtase daquele momento faz esquecer que a vida é frágil. Um deles teve 13 fraturas, esmagou pernas, teve ferimentos graves no tórax e no crânio.

A cena descrita acima é mais comum do que se imagina no cotidiano da região. O número de jovens que perde a vida nas estradas do Sudoeste é assustador. A microrregião atendida pelo posto da Polícia Rodoviária Estadual de Francisco Beltrão tem o maior índice de acidentes do Paraná.

Entre 2010 e 2014, nos 334 quilômetros de rodovias que abrangem 13 municípios, foram contabilizados 1.979 acidentes que resultaram em 1.670 feridos e 142 óbitos. Só neste ano, ocorreram 33 mortes na área do posto policial rodoviário de Beltrão. A quantidade é muito alta e nesta conta não entram as mortes que ocorrem posteriormente no hospital. Se forem somadas, mais que dobra a quantidade de vítimas fatais. Também não são considerados os óbitos em estradas municipais, ou seja, no perímetro urbano e áreas agrícolas.

O diretor do Hospital Regional de Francisco Beltrão, Eduardo Cioatto, afirma que os ferimentos estão cada vez mais graves. Talvez em decorrência da potência dos veículos e do abuso de velocidade. Afinal, um impacto a 100 quilômetros por hora é equivalente a uma queda livre de 40 metros de altura ou o mesmo que despencar de um prédio de 14 andares.

Pacientes chegam no pronto socorro com fraturas expostas, lesões internas graves, traumatismos cranianos. Quem tem a sorte de chegar vivo no hospital ainda terá uma longa caminhada até sua completa recuperação. Em alguns casos, a pessoa ficará até um ano afastada do mercado de trabalho, gerando um enorme custo social e econômico para a sociedade.