O empresário Ricardo Guerra é o atual vice-presidente do Coritiba Foot Ball Club, um clube centenário, que está entre os maiores do futebol brasileiro, com mais de 1,5 milhão de torcedores. O Coxa viveu no mês de dezembro de 2014 uma eleição histórica, pois pela primeira vez todos os milhares de sócios tiveram direito ao voto.

Ricardo Guerra chegou a liderar durante meses todas as pesquisas, inclusive do Globo Esporte, para a presidência do Coritiba, mas por questão familiar resolver concorrer à vice-presidência na chapa de oposição encabeçada por Rogério Bacellar, que derrotou o então presidente do clube, Vilson Ribeiro de Andrade. “2014 foi um ano especial em minha vida, minha filha nasceu e a torcida do Coritiba em diversas pesquisas apontava meu nome como o ideal para assumir a presidência. Porém sou jovem, tenho tempo pela frente e entendo que devido às questões familiares e profissionais ainda não era o momento de assumir o cargo máximo”, afirmou.

 O mandato de Bacellar é para o triênio 2015/2017. Formado em direito e atualmente cartorário em Curitiba, Bacellar é presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg -BR). “Aceitei a vice-presidência porque acredito que o Coritiba precisa mudar, como a maioria dos clubes brasileiros, que aumentaram muito a receita nos últimos anos através de patrocínios, sócios e principalmente cotas de televisão. No entanto, os clubes estão quebrados porque todos gastam mais do que arrecadam, principalmente pela falta de profissionalismo e sensação de impunidade. Não existe responsabilidade na maioria dos clubes do futebol brasileiro na condução dos valores financeiros”, afirmou.

Ricardo revelou que há cinco anos o Coritiba recebia por ano cerca de R$ 12 milhões de cota de televisão e neste ano deve subir para R$ 32 milhões, deste grande valor estimado para o presente ano, de fato cerca de apenas R$ 4 milhões sobraram em função dos adiantamentos de receitas realizados pela gestão anterior. Apesar do aumento de receita, no ano passado o clube passou momentos gravíssimos, com os jogadores entrando em campo com faixa reclamando do atraso de salários, sendo que o clube deve cerca de R$ 200 milhões. “Com isso, me posicionei contra o modelo de gestão da então diretoria, e ganhamos a eleição com 68% dos votos. Isso demonstra claramente que os sócios e torcedores querem mudanças, e não vamos gastar mais do que arrecadarmos. Já reduzimos a folha de pagamento pela metade, mas temos um trabalho longo pela frente para transformar o Coritiba em um modelo de gestão para o futebol brasileiro”, destacou.

Transparência

De acordo com Ricardo, será criado no Coritiba o Portal de Transparência, para que os sócios possam saber onde é aplicado o dinheiro das mensalidades. Ele afirmou que os sócios que pagam mensalidade, bem como os torcedores que investem no clube, tem o direito de saber as receitas e as despesas do Coxa, como valores da venda ou contratação de atletas, o que não aconteceu nas gestões anteriores do clube.

Trabalho de base

Conforme Ricardo, o Coritiba contratou João Paulo Medina, um profissional experiente no cenário futebolístico do Brasil, que irá reformular as categorias de base do clube bem como todo o departamento de futebol do CFC. “João Paulo reformulou as categorias de base do Internacional, implantou conceitos modernos em todos os setores do futebol. Muitos creditam o título mundial do Inter em 2006 ao trabalho dele, que também trabalhou no São Paulo e seleções do Oriente Médio. Vamos fazer um trabalho de profissionalização do clube, de respeito orçamentário, valorização dos sócios e dos atletas da base” destacou.

Ricardo acrescentou que criaram a Escola de Formação de Atletas, antiga categoria de base, para valorizar os jovens, dando condições para que possam chegar à equipe principal do Coritiba. Além disso, as contratações de atletas para a equipe principal serão avaliadas pela comissão técnica e diretores do clube de forma profissional e criteriosa, pois o custo é alto e o objetivo é não errar, trazendo os jogadores certos para cada posição.

Interiorização

Ricardo afirmou que será feito um trabalho de marketing para a internacionalização e também interiorização da marca Coritiba, que têm poucos torcedores no interior do Estado. Ele disse que a intenção é de abrir Consulados em todas as cidades chaves do Paraná, formar escolinhas com as crianças e jovens com o objetivo de formar torcedores e cidadãos. “Eu sou um torcedor do Coritiba por questão familiar. Meu pai e parentes foram estudar em Curitiba nos anos 70, onde viram equipes brilhantes e se apaixonaram pelo clube. Não se forma um torcedor sem alguns pilares. É preciso um trabalho de marketing consistente, estruturação e títulos. Quando criança, com 6 anos, vi o Coritiba ser campeão Brasileiro em 1985, em pleno Maracanã lotado. Tenho convicção que um trabalho estruturado de marketing atrelado a títulos nos levará muito longe”, completou.

(Fonte: Diário do Sudoeste)