No período de 90 dias até 28 de setembro, 242 municípios de 19 estados brasileiros tinham registrado pelo menos 1 caso de sarampo; 173 desses municípios e 97% dos casos estão em São Paulo — Foto: Ana Carolina Moreno/G1

Municípios de todo o Brasil começam nesta segunda-feira (7) a colocar em prática uma campanha nacional com o objetivo de garantir, até o dia 25 de outubro, que pelo menos 95% de todos os bebês e crianças com entre seis meses e cinco anos de idade recebam uma dose da vacina contra o sarampo.

Na sexta (4), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que, além de repassar verba para vacinação em si, também está investindo em pesquisas para entender o fenômeno dos pais que se recusam a vacinar os filhos.

Segundo ele, "é um mix de motivos" que leva famílias a tomarem essa decisão, mas a consequência quem sofre é a própria criança, que fica desprotegida contra doenças contagiosas como o sarampo. Em 2019, das seis pessoas que morreram por sarampo, quatro tinham menos de um ano de idade.

"Quem é a vítima dessa ignorância é a criança, que tem direito à vacina. E o adulto que está fazendo isso está causando a morte da criança", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.  

Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, durante o lançamento da campanha nacional de vacinação contra o sarampo — Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

Geração atual de pais

Segundo ele, o problema dos boatos e relatos falsos que provocam a ignorância nas pessoas "é global, não é localizado". Porém, no caso das vacinas no Brasil, ele afirma que um dos indícios que podem levar pessoas a acreditar na desinformação que circula via redes sociais ou aplicativos como o WhatsApp é o fato de que a nova geração de pais não conviveu com doenças como o sarampo, a rubéola, a varíola e a poliomelite.

"A geração atual de pais, na faixa de 25 anos, 30 anos de idade, nunca conviveu com essas doenças. Diferente das avós, ou bisavós, que têm 70, 80 anos", afirmou o ministro. "Eu tenho 55 anos, tenho amigos meus, que moravam na minha rua quando eu era criança, que tiveram pólio. Eu sei o que é, a sequela que deixa e o drama que foi aquilo."

Mandetta lembrou ainda que, há algumas décadas, as mães comemoravam o acesso às vacinas "como conquistas para seus filhos", e que populações em zonas rurais ou áreas remotas "saíam da fazenda, saíam de barcos da Amazônia" para conseguir garantir que seus filhos fossem vacinados.

   

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'Maior arma da humanidade'

O resultado desse esforço de vacinação das gerações anteriores teve, entre outros resultados, o fato de que os jovens atuais pudessem crescer sem conhecer os problemas provocados por doenças altamente contagiosas como o sarampo.

"Eu tenho no meu braço esquerdo a vacina de varíola. Todo mundo que nasceu depois de 1970 nem tem mais a marca. Você falar dessas coisas pras pessoas hoje parece coisa abstrata. Sarampo, caxumba, rubéola, elas não sabem", disse o ministro. Ele afirmou que pretende realizar uma pesquisa nacional "para entender e poder trabalhar mais focado em qual é o motivo do brasileiro [para recusar a vacina]". Segundo ele, são "valores, conhecimento, e um coeficiente de ignorância que vem através de 'fake news', que poluem" o debate em torno do tema.

Mandetta lembrou, porém, que a ciência já comprovou a eficácia e a segurança das vacinas, além dos riscos à saúde das pessoas, principalmente crianças, que não estejam com a carteira de vacinação em dia.

"Foi a vacina que mais evitou mortes, mais internações hospitalares. A vacina é de longe a maior arma da humanidade para ter diminuído a mortalidade infantil e aumentado a perspectiva de vida." – Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde.

Fonte: G1